quarta-feira, 30 de junho de 2010

Instante mágico

A sua ausência me adormeceu, me fiz aço forte, tirei as estúpidas feições a caráter e me despi da ignorância depois de goles de realidade e socos a cada desencontro. Me pus sobre o chão frio, rompi o nosso pacto, o refiz novamente.
Me vesti de coragem, me pus de pé, me enfeitei de otimismo, me libertei das pulseiras e algemas de remorso e da camisa desbotado do passado.
Botei um sorriso descente, óculos escuros e caminhei por onde ainda não tinha me permitido andar. Cruzei a avenida da esperança, voltei a lavanderia onde resgatei os desgastados e velhos sonhos, pedi informações na estação e me encontrei lá mesmo, me desconheci ao falar com estranhos, rabisquei o universo monótono, desmanchei desenhos de nuvem, cantarolei no escuro do túnel, sorri no desconforto do banco da praça, amei em sentir calor humano no apertar e sacudir do ônibus, caminhei até as duas e rompi o meu limite físico, recostei nas largas e pontudas montanhas, causei ao sorri alto do nada, estendi pra tarde todo prazer humano.